13 junho 2008

MIGALHAS DE UMA SEXTA-FEIRA OCIOSA

Ela me deixa na mão. Fico apreensivo. Não sei se fantasio. Afinal, minha mente é um poço de autoficção. Mas seria um belo filme.
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Sua foto arquivada na gaveta do criado mudo volta à tona e supera a poeira que encobria o sentimento soterrado pelo tempo.
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Chegou em casa cansado do ócio tedioso que foi o dia trabalho. Estava faminto. Geladeira vazia, tarde fria, cabeça fervendo. Utopia, insegurança, indecisão e vontade de ligar. Não saberia o que dizer. Nem teria o quê. "Boa noite, como foi seu dia?" Não passaria disso. Deixa pra lá.
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“Eu rabisco o sol que a chuva apagou*”. Como achava bonita essa frase da letra. Quantas vezes cantou essa música sozinho, em voz baixa, e pensou nela enquanto viviam separados pela distância. Era apenas um garoto que aprendia a viver sozinho e descobria as armadilhas do coração. Foi feliz.
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Frio. O cachecol passou a faz parte da sua vestimenta diária. Até começou a gostar de usá-lo. Água quente, caneca térmica, cheiro do café. Ah, que vício inseparável. A companhia era On the road de Keroauc. Sim, viajava.
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Em (re) composição. Esta era a ordem dos dias.
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Que nostalgia! Aquela agenda do ano de 2002 era um tesouro. Tinha até uma declaração de amor escondida numa página sem destaque. Mas como tinha destaque. Nunca se apegou a agendas e, como ganhou essa na faculdade, foi a primeira de sua vida. Que coisa. Era justamente a única que tinha guardado. As outras que vieram depois, também fruto de presentes, já não mais existiam. Como esses “regalos” que não o agradavam o perseguiam. Um somente restou.
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Sexta-feira 13. Que mito popular! Azar? Que nada! Pelo menos não estou na estrada sem respiro.
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E hoje à noite? Terminar com a dor de cabeça há de ser a primeira ação. Depois? Uma cerveja e uma conversa de bar com amigos é a melhor pedida. Esvaziar a garrafa e a cabeça cheia até a tampa.
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Sábado? Trabalhar o maldito inteiro! Domingo? Que incógnita! Pelo menos tentar fugir da melancolia que acompanha o primeiro dia da semana.
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Mas que ela me deixa na mão, ah, isso ela faz!

* Giz - Legião Urbana

10 junho 2008

A DOIS

Deixe-me uma lembrança de seu amor. Tentei te dar a felicidade que faltava e não tive êxito. Não esqueça de deixar-me pelo menos uma lembrança.


Acordei e vi que casa estava toda por arrumar. Espalhada por entre as paredes ainda encontrava a lembrança de seus passos que eu seguia para satisfazer minha alma. Agora caminho sozinho, no entanto, não consigo me convencer de que isso seja realmente o melhor para mim. Não me importo, apenas sigo.

Espada na mão, armadura vestida, posição de batalha. Amanhã é outro dia e a luta terá um novo capítulo. Melhor seria a dois.