20 novembro 2008

VERSOS DOS 26

Nem sei que cor leva meu rosto hoje
Meu espelho reflete apenas marcas
Um olhar saudoso e hematomas emocionais.
Talvez seja o mesmo rosto de um ano atrás
Ou o rosto que ainda levarei por algum tempo
Mas inconfundivelmente é meu rosto.
Algumas rugas mais tarde o vejo
Atrás de um óculos que mais parece enfeite
E barba rala que insiste em não crescer.
No entanto, mesmo assim me felicitam
Me gracejam por um ano a menos de vida
Em um dia que me soa como os demais.
Deixo o espelho de lado e saio
Evito pensar no que o restante do tempo me reserva
Enquanto espero o ano que vem.

03 novembro 2008

DA BELEZA DA INCERTEZA

Sou incapaz de decifrar seus passos
Ela me intriga, me instiga
Caminha no paralelo entre a razão e a emoção.
Sorri com o laranja que se abre no céu
[Entre nuvens pálidas]
Após um dia alucinógeno de calmaria.
O início do fogo de fim de tarde
Contrasta com seus olhos verdes, prófugos.
Porém, não me entrego ao vício.
Busco diversão em outras peles
Em outras cores, outras gotas de suor.
Pouco adianta.
Abro meus olhos castanhos
E minha retina procura o novo da sua
Quer seguir os movimentos improváveis de seu corpo 

Andar na linha tênue da incerteza
À procura de aventura instável
De leituras clichês em início de madrugada
Com cheiro de café quente
E divagações em silêncio.
Minha mente ferve, viajo, nada encontro.

Lá fora faz uma noite úmida e quente
E o vento que entra pela janela
Ameniza minha febre.
Sento na cama e acendo outro cigarro.
Vejo a cinza deslizar delicadamente pelo ar
Antes de xingar o chão.

Aparecerá novamente esta noite?