Ontem a chuva mais uma vez veio forte e alagou a Cidade Baixa. Como você deve imaginar, o Arroio Dilúvio fez a festa e era quase impossível conseguir um táxi. E eu pensei em ti. Lembrei do teu riso de descendente de italiana que acordava a vizinhança já tarde da noite, e saudade veio como agulhas que perfuram a ponta dos dedos ao toque mais leve.
Meu coração, então, sentiu-se pequeno e esquecido como um pacote de miúdos no fundo do congelador. Acendi um cigarro e o fumei como quando tínhamos as tardes livres de sol com chimarrão no parque e você fazia questão de ler o horóscopo em voz alta só para me irritar. Mas chove, e eu apenas torço pela volta da internet, pois já que perdi a esperança da tua chegada.