05 julho 2010

DA CALÇADA

Ela tem os olhos verdes. Me faz perder a compostura a cada vez que me mira. Porém, está distante, separada de mim por um bloco de gelo. Eu, do outro lado da ponte, apenas observo em silêncio, imagino passos dados em minha direção. Tem horas que até penso em desistir. Sento na calçada e me distraio com os pingos de chuva que refletem nas luzes amarelas da rua. Perco-me no tempo. Olho para os lados. Tudo está vazio. A tristeza bate na minha porta, força, tenta abri-la. Não consegue. Saio com meu olhar taciturno pela rua e farejo o cheiro dela. Já se foi. Volto. Pela janela do quarto entra um vento úmido, frio e com sabor de passado. Prontamente a fecho e agarro a última recordação dos seus olhos verdes. Ela continuava naquele ambiente, ocupava cada espaço vivo. Esqueço e durmo ali mesmo, entre os lençóis revirados, atravessado na cama e com os sentimentos na palma de suas mãos. Ela, porém, ainda não sabe.

4 comentários:

Anônimo disse...

demais.
com frases curtas e apaixonantes.
gostei. =]

Unknown disse...

opa! uma pitadinha de metáfora nesse clima gelado. tirando as luzes amarelas da cidade, todo o resto é frio. até a cor dos olhos "dela". sei que tu te inspira no inverno, mas ele é seguido de uma primavera colorida. quem sabe né?

Thiago Cavalcante disse...

Boa tarde!

Me vi no seu texto.
Gostei da parte ... sento e me distraio com os pingos de chuva que refletem nas luzes amarelas da rua...

Um abraço.

Anônimo disse...

Gostei, como disse a Fer curto e apaixonante